15-08-2012, 23:25
Vivemos rodeados de telemóveis, mas ainda não sabemos exactamente como afectam a saúde. António Gentil Martins, cirurgião pediátrico e antigo bastonário da Ordem dos Médicos, analisa o fenómeno da ‘telemóveldependência’ e dá sugestões para minimizar os perigos da radiação. As crianças são particularmente vulneráveis.
Os telemóveis são o sistema de telecomunicações mais vulgarizado: mais de mil milhões no mundo e, em Portugal, mais do que o número de habitantes!
A Organização Mundial de Saúde (OMS), de início relutante, acabou recentemente por admitir a possibilidade dos efeitos negativos das radiações electromagnéticas de baixa intensidade emitidas quer pelos telemóveis, quer sobretudo pela suas antenas. Assim, apesar de ainda não existirem certezas absolutas quanto aos perigos, não deixa de ser aconselhável uma atitude prudente e preventiva, até que exista informação mais sólida sobre os eventuais efeitos na saúde pelo uso (e sobretudo abuso…) dos telemóveis. O facto de a utilização desta tecnologia ser relativamente recente (mas em constante expansão…) não permitiu ainda fazer os necessários estudos epidemiológicos a longo prazo, e avaliar objectivamente os resultados.
A preocupação com os possíveis efeitos prejudiciais para a saúde é também mostrada pelo parecer da OMS, que diz: «Existem algumas lacunas no conhecimento sobre os efeitos biológicos, que necessitam de mais pesquisas».
Legalmente, o Governo português adoptou os critérios da União Europeia, que recomendam uma emissão máxima de 2w/kg.
Por outro lado, não podemos esquecer que, para os telemóveis funcionarem, são necessárias antenas emissoras (cada vez mais potentes e em maior número). A sua radiação transmite-se fundamentalmente de forma horizontal, com um ângulo ligeiramente descendente, e tende a atenuar-se com a distância. Mas a sua radiação poderá agravar mais o nível de exposição às radiações em todo o corpo (e não apenas na cabeça e na mão), mesmo para os que não usam telemóvel… A propósito, vale a pena lembrar os ‘fumadores passivos’, que só têm prejuízos e nenhuns benefícios… Assim, muitos países proibiram a colocação de antenas junto de aglomerados populacionais, sendo as áreas de vizinhança das antenas as mais afectadas (e não aquelas onde estão inseridas, justamente devido à forma de propagação das ondas).
O importante Relatório Stuart (Reino Unido), já no ano 2000, embora dizendo não haver provas de que a exposição a radiações electromagnéticas abaixo dos valores estabelecidos internacionalmente causasse problemas de saúde, afirmava contudo que «há prova científica de que existirão efeitos biológicos, mesmo utilizando doses mais baixas do que as recomendadas». Daí ter concluído que «não é possível hoje em dia afirmar, sem sombra de dúvida, que a exposição a campos de radiofrequência, como o dos telemóveis, é totalmente isenta de potenciais efeitos adversos para a saúde». E esta situação ainda se mantém, seguramente agravada.
Embora tal não possa (ainda…) ser comprovado de forma indesmentível, tudo indica haver a possibilidade do aumento de tumores cerebrais (nomeadamente gliomas e neuromas do nervo acústico) devido ao uso frequente e prolongado de telemóveis. Por isso, este deve ser reduzido ao mínimo, ou seja, ao estritamente necessário e pelo espaço de tempo mais curto possível. Deve servir para dar recados ou mensagens rápidas e nunca para ‘namoros’ e longas conversas. Sempre que possível, deve dar-se prioridade às mensagens escritas, que requerem um menor tempo de utilização do telemóvel.
Sendo a sensibilidade diferente em cada um de nós, e sendo as consequências das radiações variáveis com a susceptibilidade de cada um (podendo até haver uma predisposição genética), é facto comprovado que pessoas que abusam do uso dos telemóveis referem sensação de calor ou ardor local, dores de cabeça, zumbidos, tonturas, náuseas, fadiga, perda de memória e de concentração, perturbações da visão e da audição. Mas isso poderá eventualmente ser extensível a problemas mais graves ainda, como o cancro. Aliás, não é recomendável o seu uso por pessoas que utilizam pacemakers (pela possibilidade de interferência no seu funcionamento), sendo proibido em salas de operações (até pela sensível tecnologia lá existente).
Importa acrescentar (embora os estudos em animais de laboratório, como os ratos, não sejam directamente extrapoláveis ao homem) que as radiações electromagnéticas foram também causa de alterações genéticas e de alterações no sistema imunitário, por vezes persistentes e não reparáveis. Igualmente a nível cerebral a circulação pode ser afectada. As experiências em ratos (embora com doses mais elevadas e constantes) mostraram ainda o aparecimento de esterilidade, pelo que se recomenda não usar o telemóvel no bolso das calças…
Concluindo: não podendo já ninguém prescindir do telemóvel, é de elementar prudência usá-los o menor número de vezes possível e pelo menor tempo necessário, bem como evitar que os nossos filhos, sobretudo os mais novos, se exponham a mais esse problema. É essencial considerar o equilíbrio entre as vantagens e os perigos associados. Impõe-se ter consciência dos problemas e suas eventuais complicações e de saber como melhor minimizá-los, agora que os telemóveis se tornaram, como os computadores, um elemento indispensável no mundo dito civilizado. Cada um deve decidir estando consciente do que faz.
Fonte:http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior....t_id=56913
Os telemóveis são o sistema de telecomunicações mais vulgarizado: mais de mil milhões no mundo e, em Portugal, mais do que o número de habitantes!
A Organização Mundial de Saúde (OMS), de início relutante, acabou recentemente por admitir a possibilidade dos efeitos negativos das radiações electromagnéticas de baixa intensidade emitidas quer pelos telemóveis, quer sobretudo pela suas antenas. Assim, apesar de ainda não existirem certezas absolutas quanto aos perigos, não deixa de ser aconselhável uma atitude prudente e preventiva, até que exista informação mais sólida sobre os eventuais efeitos na saúde pelo uso (e sobretudo abuso…) dos telemóveis. O facto de a utilização desta tecnologia ser relativamente recente (mas em constante expansão…) não permitiu ainda fazer os necessários estudos epidemiológicos a longo prazo, e avaliar objectivamente os resultados.
A preocupação com os possíveis efeitos prejudiciais para a saúde é também mostrada pelo parecer da OMS, que diz: «Existem algumas lacunas no conhecimento sobre os efeitos biológicos, que necessitam de mais pesquisas».
Legalmente, o Governo português adoptou os critérios da União Europeia, que recomendam uma emissão máxima de 2w/kg.
Por outro lado, não podemos esquecer que, para os telemóveis funcionarem, são necessárias antenas emissoras (cada vez mais potentes e em maior número). A sua radiação transmite-se fundamentalmente de forma horizontal, com um ângulo ligeiramente descendente, e tende a atenuar-se com a distância. Mas a sua radiação poderá agravar mais o nível de exposição às radiações em todo o corpo (e não apenas na cabeça e na mão), mesmo para os que não usam telemóvel… A propósito, vale a pena lembrar os ‘fumadores passivos’, que só têm prejuízos e nenhuns benefícios… Assim, muitos países proibiram a colocação de antenas junto de aglomerados populacionais, sendo as áreas de vizinhança das antenas as mais afectadas (e não aquelas onde estão inseridas, justamente devido à forma de propagação das ondas).
O importante Relatório Stuart (Reino Unido), já no ano 2000, embora dizendo não haver provas de que a exposição a radiações electromagnéticas abaixo dos valores estabelecidos internacionalmente causasse problemas de saúde, afirmava contudo que «há prova científica de que existirão efeitos biológicos, mesmo utilizando doses mais baixas do que as recomendadas». Daí ter concluído que «não é possível hoje em dia afirmar, sem sombra de dúvida, que a exposição a campos de radiofrequência, como o dos telemóveis, é totalmente isenta de potenciais efeitos adversos para a saúde». E esta situação ainda se mantém, seguramente agravada.
Embora tal não possa (ainda…) ser comprovado de forma indesmentível, tudo indica haver a possibilidade do aumento de tumores cerebrais (nomeadamente gliomas e neuromas do nervo acústico) devido ao uso frequente e prolongado de telemóveis. Por isso, este deve ser reduzido ao mínimo, ou seja, ao estritamente necessário e pelo espaço de tempo mais curto possível. Deve servir para dar recados ou mensagens rápidas e nunca para ‘namoros’ e longas conversas. Sempre que possível, deve dar-se prioridade às mensagens escritas, que requerem um menor tempo de utilização do telemóvel.
Sendo a sensibilidade diferente em cada um de nós, e sendo as consequências das radiações variáveis com a susceptibilidade de cada um (podendo até haver uma predisposição genética), é facto comprovado que pessoas que abusam do uso dos telemóveis referem sensação de calor ou ardor local, dores de cabeça, zumbidos, tonturas, náuseas, fadiga, perda de memória e de concentração, perturbações da visão e da audição. Mas isso poderá eventualmente ser extensível a problemas mais graves ainda, como o cancro. Aliás, não é recomendável o seu uso por pessoas que utilizam pacemakers (pela possibilidade de interferência no seu funcionamento), sendo proibido em salas de operações (até pela sensível tecnologia lá existente).
Importa acrescentar (embora os estudos em animais de laboratório, como os ratos, não sejam directamente extrapoláveis ao homem) que as radiações electromagnéticas foram também causa de alterações genéticas e de alterações no sistema imunitário, por vezes persistentes e não reparáveis. Igualmente a nível cerebral a circulação pode ser afectada. As experiências em ratos (embora com doses mais elevadas e constantes) mostraram ainda o aparecimento de esterilidade, pelo que se recomenda não usar o telemóvel no bolso das calças…
Concluindo: não podendo já ninguém prescindir do telemóvel, é de elementar prudência usá-los o menor número de vezes possível e pelo menor tempo necessário, bem como evitar que os nossos filhos, sobretudo os mais novos, se exponham a mais esse problema. É essencial considerar o equilíbrio entre as vantagens e os perigos associados. Impõe-se ter consciência dos problemas e suas eventuais complicações e de saber como melhor minimizá-los, agora que os telemóveis se tornaram, como os computadores, um elemento indispensável no mundo dito civilizado. Cada um deve decidir estando consciente do que faz.
Fonte:http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior....t_id=56913