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Uma bolha chamada Internet - aFriend - 13-01-2011 20:57 Trolls, ownadas, memes, blábláblá. A Internet, hoje, se resume a não muito mais que isso. E na nossa empreitada de reconstruir os laços do CR e ocupar espaço na blogosfera temos encontrado dificuldade exatamente por sermos uma oposição ao embabacamento. Se prepara, leitor, esse post é um desabafo. Não vou pagar de pseudo-intelectual ou velho ranzinza: gosto de rir, acompanho alguns web hits e reconheço que há blogs de humor que mandam muito bem – desde tirinhas do Um Sábado Qualquer ao humor de realidade do Kibeloco. Como o mundo virtual é quase democrático, todos que aqui estão tem acesso à informação (como receptor e emissor) de maneira nunca antes vista, daí é natural o surgimento de modinhas e linguagem específica. Só que é nesse miolo que moram dois problemas: o “em-si-mesmamento” e a banalização da comunicação. A banalização das informações vem de um paradoxo análogo àquele do biscoito Tostines: poucos produzem algo sério na Internet porque o público não consome isso ou o público consome pouca seriedade na Internet porque pouca coisa do tipo é produzida? Além do mais, a efemeridade impera, não se pode aprofundar um assunto. O fluxo por aqui é tão grande que o “ainda agora” já são outros tempos. Um meme da semana passada já é “old”. O outro problema que citei, ainda mais importante, é o fato da Internet viver numa redoma. Inclusive, ouso dizer que esse é um dos fatores que provocam a futilidade cibernética. Ok, é verdade que todo círculo social tem suas especificidades, mas por aqui isso tem um peso complicado. Na internet somos apenas simulacros (quase fakes) de nós mesmos, selecionamos o que queremos mostrar d'um jeito inviável na vida real. As fotos são as melhores, não existe a necessidade do “bate-pronto” nas respostas e o deus Google t'aí pra qualquer eventual necessidade de salvamento. A consequência disso é a produção em massa de valentões com um teclado na mão, criados pela vó, nerds distanciados do mundo real. Não sabem o que falar pr'uma garota se tiverem que ultrapassar os 140 caracteres. Pior que isso é não se tocarem que, fora dessa bolha, ninguém tem a vaga ideia de quem sejam. De nada adianta inteligência e criatividade se servem apenas como um entorpecente social. É bom se divertir, é imprescindível ir além. E olha que exemplos de comédia com engajamento e/ou acidez não faltam. Esse não é um post frustrado com as barreiras até então colocadas a nós. É, antes de mais nada, uma promessa: sempre teremos tons sarcásticos, irônicos e até de humor “puro”, mas jamais perderemos a capacidade reflexiva. Ao contrário, este texto é um ode à possibilidade da crítica se proliferar na Internet, convite aos que se inquietam com a hegemonia da irreverência. Um clamor para que se tenha responsabilidade com o que se produz. Porque o significado é público e tem efeitos no mundo real. Por isso tudo, o blog Controle Remoto sempre estará em conflito com a parcela emburrecedora da Internet, sexualizadora de cada detalhe, que nada leva à sério. Afinal, como diria o poeta, rir de tudo é desespero. ControleRemotoTV |