Não é paranóia quando o telefone realmente o vigia
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28-05-2012, 22:48
Mensagem: #1
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Não é paranóia quando o telefone realmente o vigia
Há malware que permite sequestrar webcams e microfones. O governo dos EUA ainda não o consegue fazer, legalmente, mas está a trabalhar nisso. Lembre-se, diz Constantine von Hoffman, da CIO: não é paranóia quando estão mesmo atrás de si.
O ex-chefe de pessoal da contra-inteligência da CIA, James Jesus Angleton, e o escritor de ficção científica Philip K. Dick, podem parecer à primeira vista como um par improvável. E são [1]. Tanto quanto sei, tudo o que tinham em comum era uma visão paranóica-mas-nem-sempre-pouco razoável do mundo. No entanto, a notícia de malware que sequestra webcams e microfones e outros acontecimentos recentes lembraram-me que não é paranóia se eles estão realmente atrás de si. Nenhum destes dois homens são nomes conhecidos, por isso deixe-me começar por os apresentar. Angleton foi director adjunto associado em Langley [sede da CIA] das operações de contra-espionagem durante quase duas décadas. Ele viu agentes duplos e planos secretos em tudo, porque acreditava que “o KGB era capaz de manipular a CIA para acreditar no que ele quisesse, e que a CIA não podia nem identificar nem se defender dessa manipulação”. Ele chamou isso um “deserto de espelhos”, uma frase tirada do poema Gerontion, de T.S. Eliot. Os seus anos de perseguição destas “toupeiras” indescritíveis fez muito mais mal do que bem. [2] Philip K. Dick, que teve uma vida incrivelmente estranha, era um escritor com tão surpreendentes ideias originais que levou muitas pessoas que deviam saber mais a ignorar as suas limitadas capacidades de escrita. [3] Se ele é conhecido para lá dos domínios da ficção científica [4], é devido aos filmes baseados na sua obra: Blade Runner [5], Total Recall, Minority Report, Paycheck, Next, Screamers, The Adjustment Bureau e A Scanner Darkly. Entretanto, de volta ao tópico em questão … Vivemos num mundo em que 24 horas de vigilância electrónica “para a nossa própria protecção” se está a tornar norma. Assim, a notícia de que um malware recém-descoberto permite que bandidos nos sigam através dos nossos próprios dispositivos dificilmente deveria ser uma surpresa. Como escreve o meu colega Lucian Constantin, este novo malware é desenvolvido sobre o SpyEye, que visa especificamente utilizadores de serviços de banca electrónica: “Em circunstâncias normais, os utilizadores são solicitados a permitir manualmente que sites Web controlem as webcam e microfone nos seus computadores através do Flash. No entanto, o ‘plug-in’ SpyEye silenciosamente compila uma lista de sites de banca online ao modificar directamente os ficheiros de configuração do Flash Player”. Se não é difícil questionar “bem, o que impede o governo de fazer o mesmo?”, não se trata de fazer parte de uma conspiração, e também não está sozinho. Infelizmente. O FBI renovou o seu impulso para uma nova lei para escutas na Internet. Esta lei força os fornecedores de comunicações da Internet (e a definição de fornecedores de comunicações é tão vaga quanto parece) a terem “portas traseiras” para escutas. O Reino Unido (“George Orwell? Nunca ouvi falar dele”) vai na mesma direcção, tal como o Canadá (“Nós temos seguros de saúde ‘gratuitos’ e vocês não”). Pense no que Angleton na CIA poderia ter feito com todos esses extravagantes brinquedos e leis. Não é preciso muito para convencer uma burocracia de que tem inimigos em todo o lado e, mal acredita nisso, parece estar sempre a encontrá-los. Isto leva-nos ao romance A Scanner Darkly de Philip K. Dick, que conta a história de um polícia de narcóticos disfarçado que cai vítima da droga que é suposto eliminar. Quando usa a droga, ele desenvolve uma diferente personalidade de que ele não sabe nada quando não está sob influência. Em resultado disso, ele realiza uma longa investigação sem saber (atenção, desvenda o fim do livro) que ele é o seu próprio suspeito principal. Quando o li pela primeira vez, logo após a invenção da imprensa [6], pensei que Dick fez um grande trabalho ao usar o exagero para olhar para questões interessantes sobre estados policiais e os riscos de se submergir numa outra identidade. O que eu não sabia era que ele estava 35 anos à frente do seu tempo. Considere a seguinte história ocorrida em Fevereiro deste ano: um polícia do Sussex estava à procura de suspeitos de assalto quando recebeu um telefonema de seu chefe. Porque o Reino Unido é basicamente um estúdio de televisão gigante neste momento, o pessoal na sede estava a assistir ao vivo onde estava o polícia. Eles avistaram alguém suspeito e enviaram-no atrás do suspeito. Demorou 20 minutos para descobrirem que ele se estava a perseguir a si mesmo. As pessoas quase sempre vêm exactamente o que querem ver. Algumas pessoas olharam para o Yugo e viram um carro que valia a pena comprar. Outros encontraram armas de destruição em massa no Iraque. O que vão eles descobrir se forem capazes de olhar através do seu smartphone? [1] Philip K. Dick, segundo ele mesmo, era um par improvável. [2] E, se Aldrich Ames é exemplo, vira-casacas que trabalham na CIA tende a ser bastante óbvio. [3] Por alguma razão, a The Library of America, cuja missão é manter os clássicos em versão impressa e permanentemente preservar o património literário da América, achou-o digno de reedição. Isto foi apenas um pouco menos estranho do que a sua decisão de re-editar o escritor de horror H.P. Lovecraft. Eu li os dois e gosto tanto deles para que possa dizer com alguma certeza que são escritores menores. [4] Que foi onde eu cresci. [5] É baseado no livro Do Androids Dream of Electric Sheep, um título terrível para um bom romance. [6] Por mastodontes. Fonte:http://www.computerworld.com.pt/2012/05/...e-o-vigia/ Progster |
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