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Conduzir em Portugal
18-09-2010, 22:19
Mensagem: #31
RE: Conduzir em Portugal
(18-09-2010 14:22)JPedrosa Escreveu:  epáááá, um "gajo" deixa isto uns dias sem ler.... e onde isto já vai ... Smile
Agora a culpa já é dos tunnings e o cacete ...

Ora então ... cá vai.

O respeito e civismo na estrada, não tem qualquer tipo de relação com o carro ter ou deixar de ter alterações. Isso não é só mito, como é mentira e facilmente demonstrado.

Eu trabalho num centro empresarial, e quer à entrada quer à saída, vejo muito mais "chico-espertismo", e atropelos ao código, de carros que são a maioria de empresas Wink
E não estou a falar de carros de transporte.
Estou a falar dos belos dos quadros médios, típico tuga a quem a empresa mete um Audi A4 carrinha na mão e outros similares.
Esses, são uns verdadeiros animais, estão-se "borrando" para se batem ou não, eu, a esses "rapazes" causo sempre um mau bocado. Uma vez que uso muito os espelhos, tipicamente vejo essas bestas a aproximarem-se e a posicionarem-se para me tentar passar nas faixas de aceleração, e outras tropelias semelhantes em rotundas, saídas e entradas da AE (Zonas do Oeiras Park). Como felizmente tenho um carro que me permite entalar tais animais ... é sempre certinho.

Francamente, no dia a dia, vejo muito mais falta de respeito da parte da carros de segmento médio alto, da parte de malta que se está perfeitamente a borrifar. São pessoas que acham que estão acima da lei, e que a "sua" pressa tem prioridade sob a pressa dos "outros".

Agora vamos à questão dos carros alterados:
A questão mais simples de abordar é: "E porque não?" Alteram os pc's, fazem overclock até queimar, entre tantas outras coisas... porque não alterar o carro?
Por aqui parece-me uma questão muito simples.

A perspectiva da segurança:
Aqui, é que a "porca torce o rabo", as alterações devem garantir que os níveis de segurança são pelo menos, iguais aos que anteriormente o veículo tinha.
Mas para fazer isto, a forma não é proibir, é antes permitir e forçar a respectiva monitorização.
Sejamos francos, no UK pode-se encomendar um carro que vem em caixas (caterham starter kit) e montamos em casa e lá têm menos problemas na estrada do que nós. Podemos ter várias alterações no carros, desde que passe no MOT...está a andar de "mota".

A questão da legalidade:
É que aqui reside o maior nível de estupidez de tudo isto.
Em primeiro lugar é estúpido, que eu me dirija a um fabricante, e ao comprar um carro, tenha um opcional que seja um pack vitaminado, que em alguns casos, mais não é que uma electrónica diferente, e isso é legal. Se eu o fizer num local "aftermarket" é ilegal... right. O software que faz o trabalho, é alguns dos casos, o mesmo. Aliás, existe uma data do software PROFISSIONAL para isto, exactamente porque é legal numa data de países.
Outro motivo pelo qual é estúpido, é que assim, não se fiscaliza as alterações que são feitas, anda tudo à socapa, e promove-se um mercado negro.
Outro motivo pelo qual é estúpido, é que a legalização deste tipo de coisas, origina negócio, e por ser uma área movida pela paixão, gera muitoooo dinheiro, e por consequência .. impostos.

Agora vamos, ao que é legal e ao que é ilegal:
1 - Alteração estética: Películas escurecidas, foi ilegal durante muito tempo, e agora já permitem, no entanto têm que ser feitas de material não inflamável. Right, é que no carro não existe nada inflamável, portanto é para manter o fogo longe. Isto faz sentido?
2 - No entanto, meter 3 dados gigantes em peluche, pendurados no espelho central ... está bom, não se vê a ponta de um "coiso" para a direita, mas está bem.
3 - Alterações mecânicas:
3.1 Se eu tiver um carro que considere que não trava nas melhores condições, e quiser melhorar essa característica, metendo uns discos de travão maiores, metendo umas maxilas maiores, sou um criminoso.
3.2 Se eu alterar a marca das pastilhas de travão, para uma marca chunga que não vale um chavelho, e prejudicar a capacidade de travagem ... isso é legal, está certo, é uma escolha dos consumíveis, os taxistas tipicamente usam pastilhas rijas que nem cornos, que duram kms e kms e não travam nada, e no entanto isso não criticam.
3.3 Se eu quiser alterar a potência do meu carro, que por ser um turbodiesel, é facílimo esse incremento, se o fizer com moderação, vou baixar o consumo, baixar a poluição, e melhorar o conforto de condução por recorrer menos vezes à caixa e ter um motor tipicamente mais elástico, sou no entanto um criminoso.
3.4 Se eu, ao trocar os pneus, comprar pneus recauchutados, está tudo bem. Se comprar pneus que custam 30€ e não valem um caracol e tiver uma aderência à estrada brutalmente menor, sou no entanto um condutor espectacular, um gajo porreiro e cumpridor das regras
3.5 Se eu quiser meter uma barra anti-aproximação, que tipicamente, retira conforto, mas melhora em muito a ligação ao solo, sou um criminoso.
3.6 Se eu trocar as escovas limpa-vidros de origem que custam 30€, por umas do "continente" que custam 4€.... é tudo legal, e no entanto, deixo de ter a mesma qualidade de limpeza no vidro, e isso nota-se e muito naqueles dias em que o São Pedro acorda com os pés fora da cama.

@Blade,
é verdade que as regras existem e são para cumprir, mas também devem ser postas em causa. Só desta forma podem ser re-equacionadas e melhoradas. Além de eliminadas as que não fizerem sentido e criarem as que fazem sentido.

Apenas para terminar,
o meu carro actual é o primeiro que não tem alterações nenhumas. deve ser dos 30 Smile
Mas antes disso, não escapou nenhum, e nunca fiz uma alteração estética que fosse, tudo mecânico, e não foi por isso que deixei de andar com respeito na estrada.
Aliás várias das alterações, foi com único objectivo de segurança, ou consumos.

E depois faço mais, vou além disso, no inverno o meu vidro da frente leva sempre com líquidos que favorecem o escoamento da água, os pneus são regularmente inspeccionados, os líquidos são regularmente inspeccionados visualmente, a direcção é regularmente alinhada, nas luzes só uso lâmpadas de qualidade superior (Philips Blue Vision) ... e vocês que acham que quem altera os carros são todos criminosos ... têm o mesmo cuidado com o vosso?
Terão as mesmas certezas de segurança que tenho eu com o meu? .... Pois ...

@RaCcon,
trocar pastilhas aos 205mil ... é de homem ... isso é só AE for sure Wink

Concordo a 1000% com tudo o que dizes...
Tal como tu todos os meus carros até ao dia de hoje sofreram alterações, um deles mais exageradas e profundas e o qual hoje digo que é completamente desnecessário.

Quanto a questão das pastilhas, acredita muita auto-estrada hehe E as que estão actualmente irão durar mais outros 200.000km de certeza (Mantendo-se o carro comigo, como é natural, o que acredito devido ao valor sentimental que tem), ainda duravam mais uns 10.000km na boa mas prefiro mudar antes hehe
Outra questão que tem o facto de o material no meu carro durar mais tempo, é que para além do facto de que sempre que mudo altero para material de melhor qualidade, também a minha forma de conduzir é bastante soft...
A uns dias apanhei boleia de um cliente que tem um Mercedes SLK, o qual costuma falar bastante comigo, e costuma a dizer que o carro é muito fixe mas que lhe dá imensas despesas com problemas mecânicos etc etc...
Depois de ver a forma dele conduzir, digo "Bem não admira nada que o carro ande sempre enfiado na Mercedes...com este estilo de condução"
E posso dizer que o homem durante toda a viagem não excedeu os limites de velocidade muitas vezes e nas vezes que o fez nunca terá passado dos +30km/h no máximo.

Como o jPedrosa diz e eu também já tinha dito antes...
É um mundo movido pela paixão automóvel...cada um tem o seu vicio.
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19-09-2010, 18:05 (Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 19-09-2010 18:08 por TiagoR.)
Mensagem: #32
RE: Conduzir em Portugal
A questão do tunning, afinações, alterações e afins, eu pessoalmente acho válido. Pelas razões que já foram ditas, e muito bem ditas e dentro dos limites que foram ditos, mas passa um bocado ao lado da questão...
Algo que o JPedrosa disse... e honestamente acho que ele acertou na mosca:
Citar:São pessoas que acham que estão acima da lei, e que a "sua" pressa tem prioridade sob a pressa dos "outros".

A azafama do dia a dia, o stress, a "pressa" de ir de A para B é muitas vezes transposto para a forma de condução... Secalhar agravado por esta ou aquela pessoa ter "a mania" por defeito.
Se não estivessemos num "horário apertado" e com pressa para isto ou aquilo secalhar não quebravamos as regras, e o "caracol" que vai à nossa frente a cumprir os 50 km/h não nos incomodava tanto, e em vez de ultrapassar até iamos atras dele como se nada fosse...
Outra grande razão acho ser o "sistema" policial em Portugal, acho-o desadequado e insuficiente... Para comparar, à 3 anos atrás estive nos Estados Unidos, aterrei em Newark e atravessei quase metade do território de carro.
É indescritível o que é sair de Nova Iorque em hora de ponta a uma sexta feira... Só mesmo vendo para crêr. Não me irritou ou preocupou o mínimo, eu tinha todo o tempo do mundo, estava de férias... mas tenho consciência que se fosse um dia normal de trabalho para mim, eu tinha enlouquecido!
Achei curioso após "sair" de lá e entrar numa "auto-estrada" não se via grandes aceleranços, mesmo em carros que me caia o queixo só de olhar, o próprio carro onde eu ia (eu era passageiro) Ford Mustang de 98, com alterações desde motor, a circuito electrónico de um Cobra e o diabo a quatro(segundo o dono o carro tinha cerca de 675cv EEK! )
E eu perguntei epah mas então isto não anda mais?! a AE tinha 4 faixas para cada lado, piso que era um luxo, e ia tudo a 60MPH...
Ela riu-se, abre o porta-luvas e puxa uma caixita, mete junto ao pára-brisas, liga ao isqueiro... e em certas zonas de cada 500m a 1km aquilo começava a apitar. Era um detector de radares. Ali estava a razão por que não "convinha" carregar muito no pedal.
Perdi conta ao número de carros patrulha pelos quais passei durante o caminho. O certo é que de imediato fiquei com aquela sensação do "epah apetece acelerar, mas não posso que sou logo apanhado"...
Aqui é mais a coisa do "epah apetece-me acelerar, e posso porque o mais certo é não ser apanhado". E entra-se no ciclo do "facilitar" e "arriscar" que com os anos passou de excepção a ser prática comum por aqui. Acho que o grande problema é mesmo este... o mau hábito que se foi instalando ao longo dos anos, aquele faz... o outro vê, oh se ele faz eu não me fico atrás...
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