Os amigos são para sempre. Será?
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22-05-2012, 11:02
Mensagem: #1
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Os amigos são para sempre. Será?
Ex-namorados, ex-companheiros, ex-colegas. A vida está repleta de “ex”, mas quando o prefixo se quer juntar à palavra “amigos” a reacção não é tão linear. Um estudo sobre o fim das amizades e as amizades difíceis, publicado na revista The Sociological Review, mostra que este tipo de relações provoca mais sofrimento às pessoas do que possa parecer. E deixa marcas prolongadas.
O trabalho, publicado na edição da revista deste mês com o título “Difficult friendships and ontological insecurity”, aborda alguns dos lados mais negativos da amizade e a importância deste tipo de relações na nossa vida. O estudo parte de depoimentos recolhidos pelo British Mass Observation Project, através dos quais tenta perceber os efeitos de uma amizade mal sucedida na estabilidade dos envolvidos. O British Mass Observation Project, do Reino Unido, pretende retratar a vida quotidiana dos britânicos através de um painel de pessoas a quem distribui inquéritos de várias áreas. Os dados em causa foram recolhidos em 2008, junto de um painel semi-permanente de 547 pessoas, mas apenas responderam 135 mulheres e 71 homens. A maioria eram casados e de meia-idade. Uma família de amigos De acordo com os autores do estudo, os debates sobre a importância da amizade têm vindo a crescer à medida que se verifica uma tendência para que cada vez mais gente viva sozinha e, por isso, os amigos passem a ser centro das relações. A equipa, liderada por Carol Smart, diz mesmo que há um debate sobre a forma como os amigos poderão estar a ocupar um lugar que antes cabia à família. No entanto, segundo os autores, continuamos a associar a palavra amizade a um tipo de relação com benefícios mútuos e, por isso, não estamos preparados para enfrentar os efeitos práticos e morais subjacentes ao fim de uma amizade “o que nos provoca culpa, vergonha e insegurança”. Imagem que é reforçada pelas séries de televisão e filmes, de que é exemplo O Sexo e a Cidade, onde apesar das desavenças entre quatro amigas (Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda), tudo é sempre resolvido. Uma opinião corroborada ao PÚBLICO pela psicóloga clínica e psicoterapeuta Ana Almeida. Para a especialista, as amizades ainda continuam a ser “um parente pobre” nas investigações científicas, sendo apenas um tema muito abordado no caso dos adolescentes. “Mas a importância da amizade tem vindo a ganhar terreno. Os namorados ou companheiros são agora vistos como mais descartáveis e há uma relação com a sexualidade mais livre, pelo que os amigos se tornam numa estrutura de apoio fundamental e a sua importância é mais acentuada para funções que antes eram atribuídas à família nuclear”, salienta Ana Almeida, em comentário ao estudo. A psicóloga descreve também que não ter amigos, ter poucos amigos ou não os conseguir manter “é visto como uma perda e como falta de competências sociais que fragilizam o indivíduo”, pelo que “é difícil fazer uma ruptura neste tipo de relações, mesmo quando há uma traição ou situação decepcionante”. No consultório, a psicóloga diz que a temática da amizade não é origem principal de consultas, mas afirma que em muitos casos os problemas com amigos são referidos como causadores de mal-estar. A especialista recorda o caso de uma mulher na casa dos 25 anos que tinha uma relação bastante desequilibrada mas que dizia ter dificuldade em deixar o companheiro por sentir que não tinha um grupo de amigos que ocupasse esse espaço. Mulheres sofrem mais Da análise feita aos testemunhos dos participantes no estudo, os autores salientam que são precisamente as mulheres que sofrem mais com os momentos complicados nas amizades, da mesma forma que sentem mais fortemente um dever moral de ultrapassar os momentos difíceis “mesmo que estes pareçam arrastar-se eternamente”. No estudo é referido o caso de uma mulher com uma amiga com uma doença terminal e com a qual nunca teve coragem de referir algumas coisas que achava estarem mal. “Alguns homens sugeriram que a ideia de uma amizade difícil era como que um oximoro, dizendo que tal tipo de relação não seria por eles definido como amizade”, explica o trabalho, que diz também que os homens criticam mais as amizades que conseguiram fazer através das suas mulheres. “Todos precisamos de relações duráveis. Precisamos da ideia de que há alguém que está sempre ali para nós. Mas isto é mais verdade no caso das mulheres. Os homens não se expressam emocionalmente com tanta facilidade e utilizam as amizades mais como um estímulo e até competição, pelo que não entendem tanto a ideia de amizade problemática”, acrescenta Ana Almeida.“Notámos que as pessoas podem ter um código moral muito forte em relação às amizades e que se sentem culpadas ou envergonhadas se não viverem de acordo com a sua ética pessoal da amizade”, salientam os autores. No estudo é relatado o testemunho de uma pessoa que considera que pelo nosso comportamento em relação aos amigos se fica a conhecer muito do nosso carácter, justificando que não é “eticamente neutro” deixar um amigo para trás. Mas os autores também dizem que as marcas dos dissabores com amigos são de tal maneira fortes que abalam a confiança da pessoa em futuros relacionamentos, por temer não saber ler os sinais enviados pelo outro. “A pessoa que é magoada pela situação, frequentemente, sente a pressão de mudar qualquer cois,a seja de que forma for”, lê-se no estudo, que refere que “as ligações mais fortes têm maior potencial para trazer problemas” e “ser mais desestabilizadoras.” A psicóloga Ana Almeida salienta que o espectro da amizade é muito grande, cabendo nesta palavra tanto as pessoas com quem estamos todos os dias como as que quase nunca vemos. Cabem “os amigos das saídas à noite”, “os amigos de longa data”, “os amigos confidentes”. E precisamente por amigo ser tanta coisa, a especialista diz que é difícil colocar um ponto final nestas relações ou definir o que esperamos delas. “Acabamos muitas vezes por ter aquilo a que chamo as amizades casca de ovo. São vazias e promovem uma dissolução do conceito de amizade mas nem sempre se dá a tal ruptura porque ainda nos custa aceitar que as relações de amizade se podem esvaziar como qualquer outra, apesar de não terem o peso de outras instituições”, sublinha. Fonte:http://www.publico.pt/Sociedade/os-amigo...7055?all=1 Progster |
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26-06-2012, 14:54
Mensagem: #2
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RE: Os amigos são para sempre. Será?
Claro que são. Não.
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