Exortação aos Ateus

[techdani]

A Igreja falhou em vários aspectos. Mas, apesar de estar ter cometido erros, esses erros têm de ser inseridos num contexto histórico-cultural.

Acredito que Deus existe e ele é o único em quem deposito a minha esperança para dar sentido à compreensão que temos da realidade. Vivemos numa civilização - organizada. Conjunto de seres humanos, dotados de inteligência e diferentes dos demais que conhecemos. Somos raros. A vida na Terra está, desde há milhares de milhões (reparem milhões) de anos num equilíbrio, dependente do que chamamos acaso. A Terra formou-se a partir de materiais que estavam numa nuvem. Metade de mim podia ter ficado aqui, a outra metade podia ter sido atraída para Marte, onde não há vida conhecida. Mas não. Estou aqui. Os meus átomos foram formados numa supernova que outrora esteve próximo do Sol. Os meus átomos suportaram temperaturas de milhões e milhões de graus celsius e antes de serem átomos, estiveram no big bang -porque começou? Não eram átomos. Eram energia. Energia pura. O universo começou a expandir-se. Porquê? De seguida arrefeceu-se. Houve quebra de simetria, houve uma menor porção de antimatéria do que matéria (teoricamente seriam iguais) formadas a partir da energia. Porquê? A Ciência um dia vai encontrar resposta.

Mas nunca vai conseguir explicar a sorte que eu tenho em estar aqui. Por isso, apesar de querer ser Físico, não vai explicar porque estou eu aqui, neste local, parecendo-me quieto, com milhões de reacções químicas por minuto a ocorrerem dentro de mim e, achando-as necessárias, nunca as sinto. Parecendo quieto, mas com milhões de interacções por segundo. Num planeta único, que temos que proteger. Num planeta a girar em torno de uma pequena estrela que, no meio do nada, afinal de contas, gira a 200 km/h (e nós também) em torno de uma galáxia. Que também gira e se move. Mas eu só me sinto a mim. E creio que tudo seja obra de Deus, porque, do nada não pode vir tudo.

É por isso que sou católico praticante. Os representantes de Deus (diga-se Igreja) não são Deuses, mas homens como nós. Há perguntas que não têm resposta. As nossas acções nem sempre são previsíveis. São um acaso para a ciência. Quando observamos o que de mais pequeno há, aparece-nos o princípio da Incerteza de Heisenberg - o acaso. O acaso é, para mim, o espaço de intervenção divina.