Influência da comunicação social na opinião pública.

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Edite Estrela: PSD tem "influência desmesurada" nos media

Edite Estrela diz que o PSD quer reforçar o domínio na comunicação social, com a concessão da RTP. Eurodeputada também criticou a "overdose de austeridade" do Governo.

A eurodeputada Edite Estrela acusou hoje o PSD de ter uma "influência desmesurada" na comunicação social, considerando que acabar com o serviço público de televisão "pode reforçar" o núcleo "mediático laranja a nível nacional".

"Tudo leva a crer que esta opção visa o reforço do cluster (núcleo) mediático laranja a nível nacional. O que põe em causa o pluralismo de opinião e enfraquece a democracia", afirmou.

A eurodeputada discursava na sessão de abertura da Universidade de Verão do PS, iniciativa que arrancou hoje, em Évora, e que é retomada pelo partido após nove anos de interrupção.

Já depois da intervenção, em declarações aos jornalistas, Edite Estrela afirmou que "está claro que há uma influência desmesurada do PSD na comunicação social", não só "ao nível da propriedade", mas também "ao nível do comentário político".

A avançar a concessão da RTP a privados, argumentou, "pode acontecer que essa influência seja reforçada e pode ser essa a intenção".

"Sou defensora do serviço público"


"Com a concessão da RTP e o acabar do serviço público de televisão e de rádio, essa influência pode ainda ser reforçada ao nível da propriedade e do comentário. Eu sou pelo pluralismo e pelo serviço público de televisão e, portanto, este modelo não me agrada", afiançou.

Insistindo ser "contra" a privatização da RTP, Edite Estrela disse que, uma vez que o Governo ainda não tomou qualquer decisão, é preciso "esperar para ver".

Contudo, a eurodeputada sublinhou: "Eu quero o serviço público, sou defensora do serviço público" e é "isso que se defende na Europa".

"Eu espero que o serviço público seja preservado porque é, aliás, um dever constitucional", disse.

Questionada sobre o facto de o cenário de concessão da RTP1 a privados e do fim da RTP2 ter sido divulgado pelo consultor do Governo António Borges, a eurodeputada foi taxativa.

"Acho que revela que os assuntos não foram devidamente tratados, não foram bem amadurecidos, e que uma solução ser apresentada por alguém como António Borges lhe retira toda a credibilidade", criticou.

Críticas à "overdose de austeridade"


Edite Estrela defendeu ser "urgente" que o Governo peça "o alargamento dos prazos" e renegocie as metas acordadas com a troika, devido à derrapagem orçamental, e criticou a "overdose de austeridade".

"Há uma derrapagem na arrecadação da receita e, portanto, estão em causa as metas e acho que o Governo deve pedir o alargamento dos prazos e renegociar as metas. Isso é urgente", afirmou.

A manchete do "Diário Económico" de hoje assinala que o Governo já informou a troika do valor do défice em 2012, que será de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Durante a intervenção que proferiu na sessão de abertura da Universidade de Verão socialista, Edite Estrela já tinha criticado a execução orçamental do Governo PSD/CDS-PP, que "revela uma derrapagem na receita na ordem dos três mil milhões de euros".

"O que significa que, apesar do aumento dos impostos e da redução dos salários, o objetivo de 4,5% do défice para este ano não será cumprido. Tanto sacrifício por causa da redução do défice, mas o défice não baixa", disse.

Segundo a eurodeputada do PS, o défice "não baixa porque a receita negociada entre o Governo e a troika não é ajustada à realidade portuguesa e porque o Governo ainda quis ir além da troika".

"Uma tal overdose de austeridade deprimiu a economia e matou o emprego. Foi um enorme erro estratégico", acusou.

Passos Coelho anunciou o fim da crise... há um ano


Edite Estrela lembrou ainda que, a propósito da crise e da recuperação económica, "há um ano", na Universidade de Verão do PSD, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "anunciou" para 2012 "o fim da crise".

"Este mês, no Pontal, adiou a promessa para 2013", aludiu a socialista, ao explicar, de forma irónica, a derrapagem na execução orçamental: "A realidade não se altera com promessas, nem com estados de alma".

A quinta avaliação que a troika está a efetuar ao programa de ajustamento financeiro a Portugal também não foi esquecida no discurso da eurodeputada, que lembrou ainda que está em preparação o Orçamento de Estado para 2013.

"Aguardamos, com natural expetativa, as propostas que vão ser apresentadas para corrigir os três mil milhões da derrapagem, compensar os dois mil milhões dos subsídios da função pública, cumprir a meta do défice de 3%, financiar a economia e regressar aos mercados em setembro", afirmou.

Será, questionou Edite Estrela, "que o Governo, finalmente, vai reconhecer que errou e que tem de renegociar as metas e o calendário, urgentemente?".

Fonte:http://expresso.sapo.pt/edite-estrela-ps...z254DVmxvP