A União Europeia ainda existe?
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13-12-2011, 17:21
(Esta mensagem foi modificada pela última vez a: 13-12-2011 17:25 por BladeRunner.)
Mensagem: #1
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A União Europeia ainda existe?
A União Europeia ainda existe?
Os acontecimentos recentes na Europa e em especial na Grécia, Itália e em Portugal levam-nos a esta questão de fundo: será que a União Europeia (UE) continua a existir se for completamente esvaziada do seu significado? Há três sinais inequívocos do desaparecimento do espírito que norteou a União Europeia até aqui. Os seus alicerces enquanto projecto de integração europeia, de fortalecimento das democracias nacionais e de fonte de bem-estar social estão todos postos em causa. A proeminência da Sra. Merkel na UE hoje, a queda de governos democráticos em nome da agenda alemã e o fim do Estado social em grande parte da Europa são indicadores de que a União Europeia tem vindo a ser totalmente desvirtuada, abandonando os princípios que têm estado na base do apoio ao Projecto Europeu desde a sua criação em 1950. É claro que sempre se soube que em muitos assuntos a Europa não falava a uma só voz. Mas nem sempre a mesma voz dominava; havia coligações variáveis entre países, e todos tinham algum peso nas decisões que eram tomadas. Agora, e sem rodeios, o líder do grupo parlamentar da CDU, o partido de Merkel, veio dizer que "A Europa está a falar alemão, não a língua mas a aceitação das políticas pelas quais Angela Merkel lutou durante tanto tempo e com tanto sucesso". De facto, desde o agravamento da crise do euro, só há uma voz que fala pela Europa, e não é a de Durão Barroso. É a de Angela Merkel. Não deixa de ser paradoxal ver os europeístas mais convictos a defender que seja a Alemanha a salvar o euro. Parece que a única forma de salvar a Europa é torná-la num clube em que a Alemanha impõe todas as regras. Mas então a União Europeia não foi criada em larga medida para conter o poder alemão no continente Europeu? E agora a solução para a UE é entregar a liderança à Alemanha? Há razões históricas suficientes para temer tal cenário, e é confrangedor ver a impotência de todas as instituições europeias perante tal cenário. A Alemanha mandará se Merkel quiser, mas entretanto as democracias afundam, uma a uma. É preciso ver que a UE foi um sucesso primeiro que tudo porque tratou de consolidar e não de se substituir às democracias nacionais. A UE foi pensada para fortalecer os Estados-nação europeus, para lhes facilitar soluções comuns para problemas nacionais. Os sucessivos alargamentos, e muito em especial os alargamentos ao Sul da Europa, e às novas democracias do Centro e do Leste Europeu foram formas de ancorar os regimes políticos ainda frágeis numa narrativa de pertença a um clube de democracias prósperas. Embora Portugal aí esteja numa situação diferente, na medida em que houve eleições recentes que sancionaram o programa da troika, a queda do governo da Grécia e de Itália são pois sinais alarmantes da negação desse circulo virtuoso. A partir do momento em que a pertença à Europa obriga à substituição extemporânea de governos legitimados por ministros tecnocratas que têm como única e exclusiva missão impor programas delineados por Angela Merkel, é todo o edifício da democracia que estremece. É claro que Papandreou era errático e que Berlusconi se tinha tornado grotesco. Mas a preponderância dos factores externos nas suas quedas não augura nada de bom para a saúde democrática destes países, nem de todos os países da Zona Euro. Por último, a severidade da política de austeridade a que UE obriga é contrária ao espírito fundador da mesma. Para lá de todos os belos discursos sobre a bondade do Projecto Europeu, este foi criado com base na promessa da convergência de todos os países daquilo que é um dos marcos mais fortes da identidade europeia: o bem-estar social. Em Portugal, a aprovação integral deste orçamento de Estado para 2012 vai ditar o fim definitivo dessa narrativa, tal como já aconteceu na Grécia, e terá talvez que acontecer nos restantes países da Europa do Sul. Com um Estado na bancarrota, sem transportes públicos de qualidade, sem Educação e sem Saúde, o que restará de Europeu em Portugal? FONTE: http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?...33&pn=1[hr] Os ingleses perceberam que isto está no fim Ontem li isto: "Cara Grã-Bretanha, a Europa sem si é como fish sem chips, é como Londres sem condução à esquerda, é como cerveja sem espuma. Mas tem de decidir. Quer mesmo ser uma ilha isolada e fazer tudo diferente dos outros? Se sim, seja honesta - e saia já da União Europeia." Este texto foi publicado no jornal mais vendido na Europa, o tablóide alemão Bild, num editorial intitulado "Adeus Grã-Bretanha, a Europa Segue sem Vocês", a clonar a reprovação à Inglaterra espalhada pelos outros países europeus que, sexta-feira, aceitaram um acordo imposto pela Alemanha e pela França. Deixa-me admirado os críticos da nega britânica serem exactamente os mesmos que se insurgem contra todo o tipo de intervenções que visem limitar os lucros dos mercados. É que o liberal David Cameron tomou, na essência, a defesa do sector financeiro britânico e da city londrina contra a febre regulamentadora imposta pelos também nominalmente liberais em economia Merkel e Sarkozy. Estamos assim perante uma zanga de comadres. Antes de ir para esta cimeira, Cameron explicara o que queria: "É preciso convencer os mercados de que as instituições do euro defenderão a moeda com todos os meios disponíveis e é preciso que combatam a falta de competitividade de algumas economias europeias." Qualquer liberal em economia que se preze assinaria por baixo. Mas os governos liberais da União Europeia preferiram subscrever um plano de controlo ao défice dos Estados que, com o tempo, é provável constatar-se ser inaplicável. Ou seja, estes liberais, ironicamente, decretam uma medida digna de um plano quinquenal de uma economia estatal: "A realidade contraria-nos? Proíba-se a realidade!". Se o que os separa não é a ideologia, então o que é? São os mercados, claro: os interesses financeiros que o Governo de Cameron tem para defender não são os da senhora Merkel nem os do senhor Sarkozy. É óbvio. FONTE: http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior...ccao=Pedro |
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22-12-2011, 20:43
Mensagem: #2
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RE: A União Europeia ainda existe? | |||
02-02-2012, 05:20
Mensagem: #3
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RE: A União Europeia ainda existe?
A farsa europeia
A última cimeira europeia foi mais uma farsa. Já não se fala em desilusão porque as expectativas são baixas. Mas os líderes europeus parecem falar de um mundo que não existe. Como se vivessem numa bolha de alienação. A cimeira foi anunciada com uma agenda sobre a promoção do crescimento e do emprego. Porém, os resultados que todos comentam estão centrados nas questões orçamentais. Mais uma oportunidade perdida para debater aquilo que realmente interessa para resolver a crise económica. Aqui nota-se a fraqueza da Comissão Europeia. Por um lado, Durão Barroso não consegue marcar a agenda europeia - os holofotes estão todos apontados para Merkel e Sarkozy. Por outro lado, a proposta da Comissão para promover o crescimento é fraca e insuficiente porque não ataca as questões estruturais. Barroso quer que os Estados-membro realoquem fundos comunitários para outros projectos que promovam o emprego. Ou seja, quer contrariar uma recessão profunda sem gastar mais um euro. Não vai longe. Para inverter a recessão, vai ser necessário muito mais. Uma política monetária mais expansionista do BCE e medidas orçamentais de promoção do crescimento por parte dos países que têm folga para isso, nomeadamente da Alemanha. Além de medidas mais estruturais que garantam a coordenação de política económica na União Europeia. Alguém ouviu falar destes pontos durante a cimeira? Ficaram novamente presos às metas orçamentais e a sanções que provavelmente nunca vão ser aplicadas. Os objectivos de 3% para o défice, de 60% para a dívida e um excedente de 0,5% no saldo estrutural (saldo excluindo o efeito do ciclo económico nas contas públicas) não são novos. Estão previstos há muito. O problema é que poucos cumprem e, por isso, se chegou à situação actual. E isto não vai mudar com as sanções. Quanto à sua credibilidade, basta uma questão para perceber a fraqueza: alguém acredita que vão ser aplicadas caso os prevaricadores sejam a Alemanha ou a França? A acrescentar a isto estão os recuos na introdução das metas orçamentais nas leis fundamentais dos países e, ainda pior, a incapacidade de fechar a solução para a Grécia. De adiamento em adiamento, os gregos passaram de uma dor de cabeça a uma enxaqueca profunda. A União Europeia não pode deixar cair a Grécia. Por isso, fazer cara de mau não resolve nada. É melhor arranjar uma solução consensual e que seja exequível. Isto conseguiria contrariar a ideia de que os governantes europeus falam muito mas não conseguem fazer nada. Com tantas trapalhadas, não é de admirar que os investidores olhem de lado para a União Europeia. Nesta altura, acreditar na Europa não é racional, é um acto de fé. FONTE: Económico |
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