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Versão Completa: Richard Stallman, o hacker que respira software livre
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Partilhar é a palavra favorita do criador do Movimento Software Livre. Stallman está em Braga para uma conferência na Universidade do Minho, sob o tema “Copyright vs. Community”

A língua portuguesa pode ser traiçoeira e, por isso, Richard Stallman inicia a entrevista por e-mail com um pedido: nada de confundir “livre” com “grátis”. É que a tradução do inglês “free” pode induzir em erro alguns dos conceitos abordados.

Nascido em Nova Iorque há 58 anos, Stallman é um conhecido "hacker", responsável pela criação da Free Software Foundation e do sistema operativo GNU. Dá palestras um pouco por todo o mundo – como a que acontece esta terça-feira em Braga, na Universidade do Minho – para “estimular a acção política e exigir a legalização da partilha”. Quarta-feira, dia 29 de Fevereiro, às 14h, Stallman vai participar na XIX Semana Informática do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

“As pessoas devem ter o direito de partilhar cópias de qualquer trabalho publicado”, defende, salientando que por partilha entende “a redistribuição não comercial de cópias precisas”. Mas isso não quer dizer que Stallman propõe a abolição integral do copyright. Apenas quer “eliminar o seu aspecto tirânico”, o mesmo que “faz um mau trabalho para suportar as artes”.

O ACTA – Acordo Comercial Anticontrafacção vai “atacar a partilha” e, também, “pôr em perigo o acesso à medicina de primeira necessidade nos países mais pobres”. “Pode ser chamado de Aiding Companies To Assassinate (the poor)”, ironiza. Se em Portugal este acordo “traiçoeiro” não foi muito debatido, “então os portugueses precisam de trabalhar mais”, diz Stallman.

Taxar dispositivos “pode ser bom ou mau”

Não se tem um famoso "hacker", formado em Harvard e antigo investigador no MIT, para entrevistar todos os dias e, por isso, decidimos abordar o PL-118. Este projecto de lei que está a ser discutido na Assembleia da República portuguesa prevê a alteração da lei da cópia privada ao cobrar uma taxa nos suportes de armazenamento electrónicos.

Stallman admite que não sabe muitos pormenores sobre esta proposta, mas sabe, isso sim, “que será uma mudança pequena”. “Partilhar é bom e a partilha deve ser legal”, repete, pelo que “taxar dispositivos electrónicos e/ou a ligação à Internet pode ser uma coisa boa ou má, dependendo de como o dinheiro é usado”.

Para evitar uma má distribuição do dinheiro, Richard Stallman propôs um sistema que utiliza esses fundos no apoio às artes, “tal como elas realmente precisam”. A ideia é medir a popularidade dos artistas através de um sistema de votação e, depois, “distribuir o dinheiro entre eles, em proporção com a raiz cúbica da popularidade de cada um”.

“Este sistema apoiaria mais as artes – e com menos dinheiro. Mais do que isso: eliminaria a suposta razão para a proibição de partilhar. Legalizar a partilha é o resto da mudança de que precisamos”, considera.

Controlar ou ser controlado

Além da contrapartida económica, qual a principal vantagem do "software" livre? Stallman é bem claro: “Se usarmos um programa não-livre somos uma vítima indefesa de todo o tipo de abusos para os quais o 'software' foi desenhado. Os utilizadores devem poder controlar os seus computadores, não vice-versa”.

O objectivo do Movimento Software Livre é, precisamente, pôr um ponto final a este “sistema injusto de poder”, ainda mais grave quando se fala de organismos governamentais. “Utilizar um programa não-livre numa agência estatal significa ceder o controlo a mãos privadas. Põe em perigo a segurança nacional”, sublinha.

Fonte:http://p3.publico.pt/actualidade/media/2...ware-livre
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