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Versão Completa: Fãs e seguidores de criação rápida
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No mundo das redes sociais, tal como nos aviários, está a apostar-se na criação rápida. Não de galinhas, mas de fãs e seguidores. Se mais fãs e mais popularidade significam mais negócios e mais dinheiro, então é preciso atrair mais pessoas e mais utilizadores. Para isso é preciso cortar caminho. Por dez euros é possível actualmente comprar mil seguidores, em menos tempo que um pinto demora a transformar-se numa galinha.

O jornal El País dá o exemplo de uma marca conhecida de bebidas – que fica por identificar – que, insatisfeita com a sua baixa popularidade no Facebook, conseguiu multiplicar a sua popularidade por dez em menos de um mês.

Constatado este crescimento extraordinário, o diário espanhol perguntou a três peritos – não identificados – se isto era normal e todos concordaram que estes resultados eram tão anómalos que apenas poderiam ser explicados através de uma artimanha como a compra de fãs.

“A natureza do crescimento de seguidores nas redes sociais é lenta” e as empresas querem resultados rápidos, assinala Marcos Blanco, director da agência de marketing digital Gestazion, que frisa que, nestas circunstâncias, algumas agências responsáveis por fazerem a comunicação online de marcas e empresas poderão cair na tentação de se meterem em atalhos.

Se o conceito não é descabido para as marcas, menos ainda é para quem oferece semelhantes serviços. O El País esclarece que basta fazer umas poucas pesquisas online e rapidamente se encontram sites que prometem mais visibilidade nas redes sociais através da compra de seguidores e fãs.

“Ao tornares mais famosa a tua marca nas redes sociais, as pessoas vão confiar mais em ti. Compra seguidores no Twitter já!”, pode ler-se online numa página de uma empresa radicada no México e com uma filial em Barcelona, cita o jornal.

Esta prática não é, porém, exclusiva das marcas. “Também recorrem a ela profissionais como advogados e médicos”, indicou ainda Marcos Blanco.

Obsessão pela popularidade

Esta prática é um fenómeno subterrâneo com um pé na fraude. Antonio Delgado, jornalista e estudioso das redes sociais, indicou ao El País que este tipo de criação rápida de fãs e seguidores teve início há cerca de quatro anos e, de lá para cá, a prática tem vindo a refinar-se e a ganhar contornos de credibilidade. Se antigamente os perfis dos utilizadores comprados eram vazios, sem fotos nem identidade, hoje em dia as empresas que oferecem estes “pacotes” de seguidores dão-se ao trabalho de criar biografias falsas e retratos fictícios para os seguidores fantasmas.

“Cada vez recebemos mais propostas de compra de fãs”, indicou ao El País Ramón Azofra, director-geral da agência digital I’move, fundada em 2008. “É um fenómeno que está cada vez mais organizado e estruturado. Esta prática é uma fraude e constitui um desastre para as marcas: quando lidas com piratas, o resultado nunca é bom”, cita o diário espanhol.

As empresas que oferecem seguidores dirigem-se não directamente às marcas mas antes às agências de marketing digital que são contratadas pelas marcas para lhes tratarem da comunicação nas redes sociais.

“Quando existe uma obsessão pela acumulação de audiência e popularidade, as pessoas podem perder o foco (...) e esquecer que o mais importante é a influência e a reputação”, acrescenta Azofra.

Quando as marcas e as empresas não percebem que o que importa é a qualidade dos seguidores e não a quantidade, a pressão recai sobre as agências. Algumas das quais optam pela via fácil: “As agências sérias não o fazem, mas há outras em que alguém, para justificar o seu cargo ou conservar o seu trabalho, cai”, testemunha Azofra.

Mas como funciona exactamente o fenómeno de criação rápida de fãs e seguidores para redes sociais? Juan Luis Polo, que dirige a agência Territorio Creativo e co-autor do livro “#Socialholic” – no qual analisa o marketing nas redes sociais – dá conta de uma das metodologias usadas: “Uma pessoa contou-me como, numa das agências em que trabalhou, lhe encomendaram um trabalho que consistia em construir perfis falsos durante 15 dias seguidos”.

Estas tarefas são, por vezes, entregues a estagiários, que têm a tarefa de manter estes perfis falsos activos e actuem com eles nas redes sociais. Ramón Azofra confirma: “Há quem crie quintas de fãs e depois as venda”.Um profissional do sector descreveu igualmente ao El País que decidiu tentar perceber como funcionavam as empresas que vendem fãs e seguidores e que sondou uma empresa australiana que, por 38 euros, lhe prometia entregar mil seguidores. Isto foi há dois anos. De lá para cá, o preço tem vindo a descer. O diário espanhol investigou e descobriu que é possível comprar, actualmente, mil novos seguidores de Facebook por apenas dez euros. Dez mil seguidores por apenas cem euros. Tudo isto fica pronto entre cinco e doze dias.

Apesar de em Espanha estas práticas estarem já bastante disseminadas, o El País explica que nem é dos países onde isto mais acontece. À cabeça estão a Turquia, Itália, Reino Unido e Índia. Para combater este fenómeno, foi criada esta semana no país vizinho uma plataforma denominada Adsocial que pretende, entre outras coisas, “implantar um código deontológico que evite fenómenos como a compra de seguidores”, remata o diário espanhol.

Fonte:http://www.publico.pt/Tecnologia/fas-e-s...3092?all=1
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