Se eu fosse primeiro ministro...
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29-10-2012, 23:16
Mensagem: #21
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RE: Se eu fosse primeiro ministro...
Bem,
para a questão de os que ganham mais, pagarem pelos que ganham menos, ... , acima de tudo, temos que decidir, como sociedade, se queremos um estado social ou não. Eu quero. Por duas razões, uma de simples solidariedade para com o próximo, acreditem ou não. A outra, mais fácil de acreditar, mais egoísta, mas para mim a menos importante, mas gostava de saber/acreditar, que se um dia chegar a minha vez de precisar ... Digo a menos importante, porque não é pensar nisso que me vai fazer ficar encostado. Agora no tema: Até concordo contigo, nesta fase actual, tentar explicar o que quer que seja, é perda de tempo. Nada faz sentido, o conceito é "sacar tudo" Mas, em teoria, a razão dos escalões é simples. Vais a uma consulta pelo "estado", e a consulta custa em média 50€ (assumindo que queres permitir o acesso à saúde, também aos mais desfavorecidos) Os escalões não pretendem ser progressivos, mas sim regressivos. O que se assume é que a partir de determinado vencimento, podes pagar o valor por inteiro. E desse valor para baixo, há uma "ajuda". É ao contrário do "senso comum", e não é explicado. Porque a ideia que dá, é que as pessoas com rendimentos mais baixos, pagam quase nada, e os com mais rendimentos ... pagam pelos outros. Em teoria, o valor da "ajuda", vem dos impostos, e não dos valores que as outras pessoas pagam pelo mesmo serviço. Mas nada neste momento faz sentido. Qualquer pessoa que chegue ao fim do mês com dinheiro no bolso para uma carcaça ... faz nascer mais um imposto, para lá irem buscar esses cêntimos. Mas atenção, que eu concordo, em parte que quem ganha mais, desconte mais, para ajudar os serviços prestados aos outros. Fundamentalmente, acredito no estado social, mas num estado social sério, e sustentável, e acima de tudo, gerido. Não esta maluqueira que temos, actualmente há 2 milhões de pessoas a pagar impostos, para os 10 milhões de habitantes ... é 1:5 ... não pode. Uma das coisas que não entendo, é como podem, apoios de sobrevivência, como o rendimento mínimo, quando conjugados com rendimentos obtidos por causa dos filhos e isto e aquilo, permita ter rendimentos, não só superiores ao ordenado mínimo, mas como superiores ao ordenado médio. A semana passada um colega partilhou uma situação que o deixou "parvo". Um familiar tem uma papelaria, onde lá na terra, é lá que a malta vai buscar os abonos e assim, dado não haver CTT ali perto. Certo dia, agora à pouco tempo, estava lá ele a dar uma ajuda, e foi lá uma mulher buscar "o dela", e teve a lata de se virar para ele "olhe, aqui está X, você ganha isso a trabalhar?" e a rir-se basou da papelaria. O X, era superior ao dobro do ordenado mínimo ... para que conste. |
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30-10-2012, 00:44
Mensagem: #22
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RE: Se eu fosse primeiro ministro...
Posso estar a ser estúpido e até mesmo egoísta mas não acredito que seja possível existir um estado social da forma como falas...não acredito sequer na solidariedade, pelo menos enquanto colocada nestes parâmetros...
Enquanto existir esse estado social em que uns pagam mais do que os outros, vão sempre existir os Chico-Espertos que declaram apenas 1/3 daquilo que ganham só para não pagarem mais impostos e terem acesso quase gratuito a bens e serviços pelos quais deveriam de pagar. E repara que conheço muitas situações em que isso acontece, bem como conheço dezenas de casos de situações como as que referires dessa tal senhora que foi a tal papelaria... Por essa mesma razão é que defendo que um subsidio (a excepção de subsídios por invalidez total e reformas) possam jamais ser similares a um salário mínimo... Tenho um vizinho que todos os dias eu saio de casa e ele está a tomar o seu pequeno almoço no café da esquina com a mulher e os seus três filhos...todos os dias vai almoçar ao restaurante da minha cunhada, durante a tarde dá lá um salto para beber uma cerveja e comer um pires de tremossos (creio que ele lá estava quando estives-te lá comigo). A noite vão todos os dias jantar a um outro restaurante no centro da cidade e por vezes a noite quando chego a casa está ele numa espécie de tasca... Nem ele nem a mulher dele trabalham, são desempregados de longa data e creio que nem sequer do fundo de desemprego recebam... Vamos lá fazer as contas... Pequeno almoço, que constitui uma tosta mista e um sumo para cada um... 2€ * 5 1,20€ * 5 16€/dia Na hora de almoço vão até ao restaurante onde cada refeição diária custará 5€, ou seja mais 25€. E já vamos em 41€ gastos num único dia... No jantar que gastem mais uns 5€ para cada um, acrescentamos mais 25€ e já vamos em 66€... No final da noite que se gaste uns 5€ na tasca e facilmente chegamos aos 70€ gastos num único dia... 70€ * 30dias = 2100€ Agora pergunto eu, quantas famílias em que todos trabalham arduamente por este país fora conseguem ter 2100€/mês para pagar todas as suas despesas mensais? Eles vivem de subsídios, a segurança social vem cá trazer-lhes de tudo, desde leite para os filhos até mesmo a roupa e calçado... Adquiriram a relativamente pouco tempo um carro novo, Ford Focus 1.6TDCI... Uma vez que passou por mim na entrada do prédio e em que eu vinha carregado com caixas atrás de mim, disse-me "Saber viver não custa, é necessário é saber" Vivem mal?Não me lixem... Uma sociedade só funciona se todos contribuírem de igual forma para a mesma não como assalariados mas sim como pessoas, trabalhadores activos. O que referes no teu exemplo da saúde, é correcto...deveria de ser assim que funcionaria, mas na realidade não é...na realidade os que pagam mais, pagam para compensar os que pagam menos... Ainda vem dizer que uma democracia tem custos?!Estão a gozar com a cara de quem? Sociedade uma treta...aqui quem se esforça por ter uma qualidade de vida melhor é extorquido a torto e a direito para pagar aos coitadinhos que não podem nem querem trabalhar... Para pagar aqueles coitadinhos que são os políticos e que deixam de andar com um BMW serie 5 para andar num A5 e dizem que estão a poupar e a fazer sacrifícios? Anda tudo a gozar com quem trabalha, desde o político até ao comum cidadão...é tudo a ver se consegue tirar mais um bocadinho ao vizinho do lado e se conseguirem ainda lhe chamam otário na cara... |
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30-10-2012, 00:59
Mensagem: #23
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RE: Se eu fosse primeiro ministro...
Infelizmente para o bem ou para o mal, é a sociedade onde vivemos.
Ao ler o último paragrafo lembrei-me de outro ponto relacionado (que leva a uma outra questão colocada no outro tópico), acerca dos politicos: - Porque é que se leva tanto tempo a passar das teoria à pratica?. O que é que aqueles tipos andam por lá a fazer... Progster |
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30-10-2012, 01:47
Mensagem: #24
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RE: Se eu fosse primeiro ministro...
Repara,
preciso acreditar, que com o chamado estado social, a parte que é ajudada porque precisa mesmo, compensa os "espertos". De alguma forma, preciso acreditar nisso, para uma série de coisas, fazerem sentido. Onde acho que tem que haver muita agressividade, é no controlo disto. E quando falo de agressividade, falo de processos crime, e cadeia se for preciso. Falo de leis suficientemente fortes, para os "espertos" terem pouca vontade de esticar a corda. Estás tão indignado como eu, com muita coisa que se passa. Casais como esse que referes, há muitos, e então de uma "certa" etnia, até faz confusão, porque há um orgulho nisso. A minha avó deixou de dar na Igreja, quando viu "senhoras" a lá ir buscar sacos de mercearia e roupa, porque coitadinhos, precisavam, e vão da Igreja para o café, mandar abaixo pequenos almoços valentes para elas e filhos. Mas recuso-me a pensar que é só isso que os apoios conseguem fazer. Há gente que precisa a sério. E pode parecer parvo, mas se o custo de conseguir chegar a quem precisa, for sustentar uma percentagem de "espertos", aceito-o. Até porque, de certa forma, com o avançar das gerações e um aumento de cultura, educação e "afins", acho que haverá menos gente a querer estar nessa situação. Talvez um pouco poético, e "lírico" como diz um amigo meu, enfim, talvez até isso explique a minha dificuldade em alguns aspectos Não consigo deixar de pensar que essas ajudas, bem controladas, serão sempre uma ninharia, quando comparado com o que se perde em má gestão, em cunhas, em favores, em "parcerias publico-privadas", em "TGV"'s e outras atrocidades para os quais deveria haver enquadramento criminal, e consequências reais. Repara que o próprio orçamento de estado demonstra que esses apoios, são esmolas nos valores gerais. Pessoalmente, via com melhores olhos "aligeirar" a máquina de funcionários públicos, que continua a haver em excesso, do que cortar nestas ajudas. E cada vez vejo o meu ordenado mais pequeno, mas pequeno à seria. E quando vejo uns animais, que, vendo bem as coisas, são meus empregados, com o desplante, de mudar de BMW para A5 para poupar ... Até fiquei azul, nem te digo. Passei horas em palavrões sempre que se puxava o assunto. Depois ainda vem o esterco do Assis, mandar a boca do "qualquer dia querem que andemos de Clio", e aí é que ia revirando de vez. Depois, o triste do A5, vem dizer que a democracia tem custos ... e pronto, fiquei com instintos mais "bombistas". É que chega a uma altura, em que a imagem que passa, é que não existe qualquer vergonha. Poupar numa dúzia de carros, em boa verdade, ia ter um reflexo financeiro de zero, no meio do "buraco" gigante. Mas a imagem que iria passar, seria muito melhor, e talvez até, quem sabe, um efeito em cascata, pelos ministérios abaixo. Seria útil que estes palhaços "se mancassem". Aproveito para copiar para aqui um excerto particularmente interessante de uma obra: Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault: Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço... Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado... é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem! Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis? Mazarino: - Criando outros. Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres. Mazarino: - Sim, é impossível. Colbert: - E sobre os ricos? Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres. Colbert: - Então como faremos? Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média! |
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31-10-2012, 13:39
Mensagem: #25
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RE: Se eu fosse primeiro ministro...
Sim não deixo de concordar contigo, no entanto para mim infelizmente já não me é possível acreditar no estado social em que se ajudam pessoas que efetivamente necessitam de ajuda por um tempo determinado e apenas até que elas consigam caminhar sozinhas...
Para além disso, para mim a ajuda que damos (leia-se monetária) a essas pessoas não é a correta, para mim deveríamos de ensinar e apoiar as pessoas a pescar e não dar-lhes peixe... Proporcionando as ferramentas necessárias e básicas para que eles possam pescar, só não pesca quem não quer... Daí falar em gabinetes de apoio a criação de negócios e do próprio emprego para quem esteja a usufruir de subsídios... Existirão sempre Chico-espertos que se tentam aproveitar para viver mais uns tempos sem fazer nada, vivendo as custas de quem trabalha... No que diz respeito aos políticos e aos seus gastos em que acham que são poucos e que tem direito a eles...nem vou comentar, correndo o risco, se o fizer de me dar uma coisinha má. |
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